29.12.09

Campanha da década



23.12.09

Escolher cansa



O problema não é de agora, mas tendeu a agravar-se nos últimos anos. Ao que parece, cada vez mais pessoas, confrontadas com o excesso de escolhas, sofrem da fobia da decisão.

A situação tornou-se tão crítica que muitos consumidores preferem ofertas mais simples, que os aliviem da angústia de terem que optar entre variantes tão incompreensíveis como relevantes. Eis o que a este respeito opina Ron Ashkenas:

"Part of the Aldi philosophy is that less is more. Each store is limited to no more than 1,400 different items. So instead of having a dozen choices of frozen juice, you get just one or two. And if a store manager, or the company, wants to add new products, they have to subtract an equivalent number. This not only makes it easier for the consumer to make choices, but it also dramatically lowers costs that are then passed on to the consumer. It's the opposite of the 'super-store'."

Não digo que a solução seja indicada em todas as situações, mas, se calhar, vale a pena tê-la em conta.

21.12.09

Vamos todos rezar para que a Grécia não arribe

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O problema da Grécia é um problema da Europa. Digam todo o mal que quiserem dos mercados, mas eles já perceberam isso. De modo que sucedeu o que tinha suceder: nos últimos dias, o euro perdeu valor face ao dólar.

Haverá alguma exportador que não fique contente com a notícia, tanto mais que ela implica, simultaneamente, uma desvalorização em relação à moeda chinesa?

Judas condenou-se à eterna perdição para assegurar o cumprimento da profecia. A Grécia sacrifica-se em prol de todos os europeus acumulando os défices que os restantes não ousam assumir.

Não se concebe atitude mais nobre. Sem o excessivo consumo deles, o que seria da excessiva produção alemã?

Oremos para que, tão cedo, não consigam voltar ao bom caminho.
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18.12.09

Estratégia numa folha de papel



Sou um maníaco da clareza e da concisão, de modo que me agradou muitissimo esta forma de apresentar uma estratégia que encontrei no Church of Customer. Tentem imitar esta exigente disciplina mental. Eu vou fazê-lo.

11.12.09

A pesquisa não pode tornar boa uma má campanha



Uma notícia publicada no DN de ontem informa-nos, citando um estudo da GfK encomendado pela Briefing, que a recente campanha do Pingo Doce é a preferida de 70% dos consumidores.

A afirmação não exacta, mas, mesmo que o fosse, não teria qualquer relevância para avaliar o sucesso da campanha.

Em primeiro lugar, os títulos e leads publicados são enganadores. Escreve o DN: "Pingo Doce com notoriedade no máximo apesar das críticas" e acrescenta: "Um dos anúncios mais irritantes do ano, para muitos críticos, é de acordo com estudo da GfK, o preferido de 70% dos consumidores". Também a Briefing titula: "70% preferem o actual anúncio do Pingo Doce".

Primeiro erro: não houve qualquer tentativa de medir a notoriedade da marca Pingo Doce, mas tão só da mencionada campanha - como se sabe, duas coisas muito diferentes. Segundo: dizer-se que o "anúncio" é o "preferido de 70% dos consumidores" faz crer que ele é preferido em relação a outras campanhas em curso de outras marcas, o que também é falso.

Quando muito, poderia dizer-se, como se depreende do corpo da notícia, que 70% dos consumidores preferem a presente campanha do Pingo Doce às anteriores campanhas da mesma marca. Porém, nem isso é verdade.

Vejamos. Foram inquiridas 1.287 pessoas. Dessas, 625 declararam recordar-se da última campanha, mas apenas 431 da anterior. No final, apenas 302 afirmaram preferir esta campanha à anterior, o que corresponde a 23,5% (não a 70%) dos inquiridos.

Logo, mesmo aceitando que a recordação registada das duas campanhas foi correctamente comprovada (conclusão que não é possível confirmar ou negar com a informação de que disponho), e que todos os inquiridos se qualificam como integrando o público relevante do Pingo Doce, não faz qualquer sentido alardear-se que a última campanha da marca é preferida por 70% dos consumidores.

Acresce, finalmente, que décadas de pesquisa confirmam sem margem para dúvidas que a recordação de campanhas não se correlaciona com o seu impacto sobre as vendas. Uma campanha pode ser lembrada apenas por ser estúpida - como é o caso desta.

Os bêbados encostam-se aos postes de iluminação para evitarem cair, não para verem melhor. Algumas pessoas socorrem-se da pesquisa com o mesmo intuito.

2.12.09

Isto é um bocadinho melhor, mas não muito