Agora, que o 3G está aí, o público pode experimentá-lo e fazer as suas escolhas. Dispomos, pois, de factos, factos sólidos, sobre os quais é possível elaborar inferências e testar conjecturas.
Primeiro facto: o 3G reduz drasticamente os custo de transmissão de voz. Logo, está aí uma vantagem interessante para os consumidores que aderirem a esta teconologia: a possibilidade de pagarem menos pelas suas chamadas. Não é a «killer-application» que se esperava, mas enfim...
Segundo facto: como o 3G permite oferecer uma variedade de serviços distintos para diferentes tipos de utilizadores, o mercado tende a segmentar-se segundo as preferências dos clientes. Ao contrário do tradicional serviço de voz, os serviços 3G são muito específicos. Interessam muito a certas pessoas, mas absolutamente nada a outras.
As experiências do Japão e da Coreia, os países mais avançados na adopção da tecnologia, mostra que certos segmentos se interessam por video, outros por música, outros por jogos, outros por informação de trânsito, outros por transmissão de dados, outros serviços de notícias, etc. a Coreia, um operador oferece já pacotes de serviços distintos por escalão etário ou por sexo.
Começam a aparecer empresas especializadas na criação e difusão de conteúdos através das redes móveis, os «mobile virtual networks operators» (MVNO). Empresas como a Virgin, a Tesco, a 7-Eleven e a MTV estabeleceram-se já como MVNOs. A Disney está também interessada.
Conseguirão os operadores de telecomunicações tradicionais progredir a juzante e entrar na indústria dos conteúdos? Ou ficarão encurralados na sua posição tradicional de grossistas de redes digitais? Ao que parece, a convergência era também uma fantasia sem bases.
Quem tem unhas é que toca guitarra, ou seja, o facto de alguém possuir um canal não lhe confere nenhuma vantagem comparativa especial quando se trata de criar os serviços que serão difundidos e comercializados através dele.
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Há 3 anos
2 comentários:
Alguns pormenores:
1) nos países "mais avançados" (coreia e japão) os "conteudos de juzante" continuam a valer menos de 2% da facturação dos operadores. Os operadores são interfaces entre pessoas (voz, mensagens, etc) e as outras coisas não vendem.
2) Para haver segmentação tem de haver concorrência coisa que em portugal está cartelizada. A Anacom comeu a quarta licença e os MVNO são priobidos. A não ser que seja segmentação dentro da mesma marca....
Conclusão - Poucos mercados estão tão poluidos de desinformação como os telemóveis. Vele a pena ler: http://www.johnkay.com/trends/350
Sobre a tecnologia 3G, alguns insights interesantes: Pelo menos e até à data no mercado inglês tem-se verificado um autêntico “hi-tec mobiles turn-off” particularmente entre as camadas mais jovens que (segundo as operadoras) corresponderão ao segmento responsável pela maior percentagem de receitas. Errado. A realidade não corresponde à teoria. E porquê? 1) Serviços ainda pouco funcionais, principalmente o acesso à net 2)Aparelhos e serviços com preços (ainda) demasiado altos 3)As video-chamadas (um dos serviços procurados nos 3G) não dão espaço para qualquer tipo de privacidade. As pessoas sentem que têm que dizer sempre a “verdade” e fazer “boa figura” 4) A bateria com algumas video-chamadas, video-mails e downloads vai logo "à viola" nas primeiras horas do dia 5)Ironicamente a tecnologia 3G que se encontra posicionada para um segmento executivo\profissional, oferece maioritariamente serviços de entretenimento que correspondem a um target mais jovem.
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