Era inevitável. Depois dos bancos de imagem, a que a internet deu a dimensão que têm hoje, mais dia menos dia tinha que aparecer uma ideia como o OpenAd.net . Aquilo que todos os criativos ( e algumas agências) sempre fizeram de forma mais ou menos empírica – ter na gaveta algumas ideias não aproveitadas, à espera de um brief que, miraculosamente, encaixe certinho e as ressuscite – agora tem a sua concretização em escala industrial.
Em paralelo com o supermercado de ideias prontas-a-servir, o serviço propõe ainda uma variante gourmet. O anunciante deixa lá o seu brief e “o maior departamento criativo do mundo” esfalfa-se para encontrar a grande ideia, desta vez sob medida. Ou seja, a mania portuguesa de convidar 30 agências para um concurso acaba de ser largamente ultrapassada.
Não faço a menor ideia do êxito que o site estará a ter. A maior parte das ideias na montra, aliás como seria de esperar, é assim assim. Dos trabalhos vencedores dos tais megapitches mundiais só consegui ver um – e é muito, muito fraquinho.
Seja como for, acho estranho que não se esteja a falar mais disso, e que as agências não pareçam nem atentas nem preocupadas. Um supermercado de ideias congeladas certamente não favorece a qualidade da comunicação – assim como a comida congelada não favorece o sabor, nem os bancos de imagem a qualidade das fotos. Mas qualquer dessas soluções responde a algumas necessidades muito actuais dos “consumidores”.
Depois de ter visto mais de um director de marketing a passar horas no getty à procura da sua foto para um anúncio, não vou ficar nada surpreendido de os ver no OpenAd.net à procura da campanha inteira, prontinha, só faltando o logotipo. Poupa-se o fee de criatividade da agência. E é bem mais fácil e divertido do que fazer um bom brief.
Visit me at armandoalves.com
Há 3 anos
1 comentário:
A lógica do capitalismo moderno, de deslocalizar a produção, chega à publicidade. Eu creio que não vai dar certo, ideias no linear... isso deve ter sido ideia de mais um esperto, que já, já, é desmascarado.
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