Quando se discute o estado das relações entre os anunciantes e as agências esquece-se usualmente que ele é sobre-determinado pelo estado geral do marketing.
Ora acontece que, desse lado, as notícias não são boas. Um artigo (*) publicado há um ano na Sloan Management Review (a revista de gestão do MIT), assinado por Frederick Webster, Alan Malter e Shankar Ganesan, sustenta que o estatuto do marketing tem vindo a descer nas empresas norte-americanas. Creio que isso é verdade um pouco por todo o mundo.
Segundo os autores, os gestores de topo dão cada vez mais importância a funções como as finanças e as operações em detrimento do marketing, designadamente na sua dimensão estratégica.
Por um lado, o marketing foi expulso do centro corporativo, arrastado pelo declínio geral das preocupações estratégicas e de longo prazo. Por outro lado, ao nível funcional, o marketing encontra-se frequentemente remetido para a organização de acções promocionais e a negociação com os canais retalhistas.
Num certo sentido, voltou-se à situação que prevalecia antes dos anos 50 do século passado, com a óptica de vendas, mais preocupada com a obtenção de resultados no curto prazo, a sobrepor-se à orientação de marketing, mais preocupada com a construção de marcas fortes. A dificuldade de documentar com resultados sólidos o valor estratégico da filosofia de marketing levou a um retrocesso acentuado das práticas de gestão.
Pressionados para incrementar vendas e reduzir custos de qualquer maneira, os gestores de marketing passaram essa pressão para os seus parceiros, entre os quais se encontram as agências de publicidade.
Pense-se o que se pensar desta situação, é nela que presentemente temos que viver.
(*) F. Webster, A. J. Malter e S. Ganesan, “The Decline and Dispersion of Marketing Competence”, Sloan Management Review, Summer 2005, Vol. 46, Nr 4, pp. 35-43 (foi publicada uma tradução razoável na Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão, Jul/ Set 2005).
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Há 3 anos
1 comentário:
Esta notícia representa uma tendência há muito conhecida em quase todas as indústrias. A razão principal para a expulsão do marketing do centro corporativo é o declínio da sua eficácia. Em tempo de vacas gordas, os marketeers focaram-se demasiado neles próprios em vez de contribuirem para o aumento da rentabilidade das empresas, do aumento da vendas, da sustentabilidade das margens. No fundo aquilo de que falam os financeiros e ajudar a manter a empresa em funcionamento. Soluções para este problema? Voltar a colocar o marketing no seu lugar inicial. Aquele em que se fala de quota de mercado,concorrência, canais de distribuição, gama de produtos. E onde se fala menos de top of mind, brand awareness e outras métricas mais ou menos inócuas.
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