A comunicação foi indiscutivelmente uma das primeiras baixas desta peixeirada pomposamente apelidada de debate orçamental que abalou o país nas últimas semanas.
Publicidade, relações públicas, eventos, conferências ou mera consultoria, tudo foi publicamente tratado por igual como lixo imprestável, despesas sumptuárias inspiradas pelo demo, mesmo quando está em causa uma coisa tão inocentemente indispensável como a campanha de divulgação do Censo 2011.
Investir em comunicação, comprar automóveis topo de gama, contratar assessores, fugir aos impostos ou roubar os cofres do Estado são sem sombra de dúvida malfeitorias de gravidade equivalente para uma parte da opinião publicada.
E não se diga que tal opinião é restrita a políticos facciosos e jornalistas ignorantes. O assunto só é por eles agitado porque acreditam que o grande público comunga desse mesmo sentimento.
Ora isto não pode deixar de preocupar quem trabalha em alguma das múltiplas profissões relacionadas com a comunicação.
É peregrina esta ideia de que pode haver uma sociedade democrática sem comunicação ou mesmo que a comunicação prejudica a democracia. Bem pelo contrário, eu diria que a comunicação é da própria essência da democracia, logo sinto-a ameaçada se vejo a comunicação tratada como coisa perversa e indesejável.
Depois, em todos os países civilizados o Estado é hoje, através dos seus múltiplos organismos, o principal cliente das actividades de comunicação. Logo, esta caça às bruxas contra as despesas do Estado português com comunicação e matérias afins, para além de idiota, pode ser gravíssima para um sector que se encontra já em situação muito difícil.
E que tal arruinarmos definitivamente todas as nossas agências e consultoras? Poderíamos depois, mais tarde, comprar esses serviços ao estrangeiro e lamentar a fuga de gente qualificada lá para fora...
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Há 3 anos
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