Faz-me fernicoques esta coisa de se chamar Marketing Interno a toda e qualquer acção de comunicação dirigida aos colaboradores no contexto da gestão dos Recursos Humanos.
Parece-me absurdo dizer-se que os colaboradores são clientes internos da Direcção de Recursos Humanos e que essas práticas se enquadram numa política de relacionamento com esse mercado endógeno.
Conceptualmente, lamento dizer que nada disto faz sentido. Para começar, há aqui uma óbvia confusão entre marketing e comunicação: nem o marketing se reduz à comunicação, nem a comunicação empresarial se resume àquela que é dirigida aos clientes.
Depois, dentro das empresas não há mercados, há redes e hierarquias, duas formas de organização económica tão ou mais respeitáveis que os mercados. Logo, não pode também haver clientes.
Não considero sequer que saia favorecida a dignidade de quem trabalha numa empresa por lhe chamarmos cliente em vez de colaborador.
Há só uma circunstância em que faz sentido falar-se de Marketing Interno, e é aquela em que os colaboradores são informados, treinados e motivados tendo em vista a sua participação em acções directamente orientadas para a venda ou o serviço ao cliente.
Não ganhamos nada em alimentar jogos de palavra e perdemos decerto muito em clareza de propósitos e focalização no que de facto interessa fazer.
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Há 3 anos
2 comentários:
completamente de acordo!
essa 'ladaínha' parece-me originada por alguma confusão em torno da comunicação: esta continua entregue aos recursos humanos ou, na melhor das hipóteses (?), ao marketing.
quando existe - raramente - um dircom, este é mais um 'guru' do marketing, para quem tudo se trata de colocar algo no mercado. isto, juntando ao lamentavel facto de a comunicação nas empresas ser, geralmente, entregue a um fulano qualquer que 'tem jeito' para organizar reuniões, dá nos 'trejeitos comunicacionais' de que aqui se fala.
lugares comuns como essa do 'endomarketing', do 'cliente interno', juntam-se a ladaínhas de implicação e coesão sacadas de sites de citações, como se os 'clientes internos' não soubessem ler.
campanhas de vendas para os colaboradores? por favor, não!
Caro João Pinto e Castro,
permita-me discordar da sua opinião e fazer valer o próprio contra senso que cria.
O marketing interno procura responder a um princípio básico: como é que uma organização pode superar as suas metas? Como "vender" a missão, a visão, os valores e as estratégias elaboradas para atingir os resultados operacionais necessários? Como pedir aumentos de produtividade e intervenção? Envolvendo as pessoas, desenvolvendo as suas capacidades, implicando e fidelizando-as ao seu local de trabalho. Em síntese, acrescentando valor para ambas as partes, ou seja, o colaborador irá valorizar tudo o que a empresa lhe dá e representa ao ponto de dar tudo de si também, e a empresa irá valorizar tudo o que o colaborador lhe dá e pode dar, ao ponto de lhe satisfazer as suas principais necessidades profissionais e até pessoais.
Na essência, estamos sempre a falar de trocas. O que é que eu tenho de te dar para tu me dares o que eu quero ou preciso... Processo sobre o qual se debruça a actividade de Marketing. Infelizmente apenas se toma esta perspectiva internamente e deficientemente quando se discute o desempenho do front office, aqueles que contactam com o cliente... Eu chamo isso de Formação/Treinamento.
Eu não conheco a fonte que o estimulou a escrever este texto, mas também concordo que nem tudo o que é comunicação é marketing por si só. Seja internamente, seja externamente.
A última edição do Humanator é toda centrada no Marketing interno. Merece a nossa leitura.
Um abraço
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