Há nas ruas uma campanha que, até por não ter qualquer pretensão à criatividade, ilustra lindamente a patologia de boa parte da publicidade portuguesa – mesmo a mais criativa.
A patologia foi descrita há uma porção de anos pelo Dr. Freud: chama-se narcisismo. Quanto à campanha, é a de um tal Grupo Sil.
Nunca tinha ouvido falar? Eu também não. E agora que ouvi fiquei na mesma.
Tosca como é, a campanha do Grupo Sil nem por isso é mais vazia do que outras, mais vistosas e melhor vestidas, que andam por aí. Num dos anúncios, por exemplo, fico a saber que eles têm uma recepcionista poliglota com 23 anos de casa. Uau!
No entanto, essa informação sem dúvida verdadeira, e de tremenda importância (pelo menos para a recepcionista: pensem bem, no caso de ela ser despedida, o tamanho da indemnização que vai receber) não é mais indiferente para a minha felicidade do que o facto de o BES ter uma nova cor. Ou de a TMN ter um novo logo.
A criatividade, às vezes, é só uma maneira gira (e cara) de mascarar a irrelevância.
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Há 4 anos
1 comentário:
Freud explica sim. Esse caso é o de um pato bravo que se acha importante e que paga para a agencia falar bem dele. Mais um reflexo do novo-riquismo latente que contamina desde o motorista da transportadora que grita contigo na bicha do trânsito até o dono da Sil. Esses anos todos de crise ainda não foram suficientes para quebrar essa arrogância desmesurada e sem motivo, alimentada pelos juros baixos do euro e como bem diz Vasco Pulido Valente, subsidiada pelo Estado.
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