30.5.06

Magister dixit

Imagine que uma empresa de serviços – uma oficina mecânica, por exemplo - comunica aos seus empregados que na avaliação de cada um também passará a ser levada em conta a apreciação dos clientes.

O representante sindical da categoria reage imediatamente: “Inaceitável! O trabalho que fazemos é muito complexo, os clientes não têm a menor competência para avaliar se está bem feito ou não. Além disso, é intolerável que a opinião de meros clientes possa afectar a nossa progressão na carreira”.

Não foram estas, mas parecidíssimas, as palavras com que o representante dos professores rechaçou ontem a proposta da Ministra da Educação de que na avaliação dos educadores seja considerada a apreciação dos pais. É claro que ele não usou a palavra “cliente” – não faz parte do seu vocabulário, nem lhe terá alguma vez ocorrido que um pai de aluno é mesmo isso: o cliente. Ou seja, aquele que paga, e que ao fim do dia leva o produto que pagou, bom ou mau, de volta para casa.

4 comentários:

Jayme Kopke disse...

Fui professor e sou pai - dos que frequentam as reuniões. Tenho toda a simpatia pelos problemas que os professores enfrentam em sala de aula, mas não acho que a solução seja fecharem-se numa concha, como aliás tantas outras corporações em Portugal. Não sei se a proposta da ministra é viável nem como se pode operacionalizar para não piorar, em vez de melhorar, a situação das escolas, como já foi o caso de inúmeras outras medidas bem-intencionadas. O que me espanta na reacção do sindicalista é a contestação liminar, como que por reflexo, de qualquer ideia que possa pôr em causa o sagrado direito da corporação a não ser incomodada.

Consumering disse...

Acho que o JKukoc não percebeu a subtileza inteligente do Jayme. Vou tentar simplificar: No ensino, os pais são o cliente e os professores meros fornecedores. Se um professor acha que pode despedir o seu cliente, então que esteja preparado para ficar sem a receita desse cliente. Ou seja, os professores só poderão recusar alunos/queixarem-se dos pais, no dia em que estiverem dispostos a trabalhar de graça. Enquanto forem profissionais (lamento, mas ser profissional é receber dinheiro para fazer coisas) dizia, enquanto os professores forem profissionais, têm de se sujeitar à ditadura do cliente.

Consumering disse...

Acho que o JKukoc não percebeu a subtileza inteligente do Jayme. Vou tentar simplificar: No ensino, os pais são o cliente e os professores meros fornecedores. Se um professor acha que pode despedir o seu cliente, então que esteja preparado para ficar sem a receita desse cliente. Ou seja, os professores só poderão recusar alunos/queixarem-se dos pais, no dia em que estiverem dispostos a trabalhar de graça. Enquanto forem profissionais (lamento, mas ser profissional é receber dinheiro para fazer coisas) dizia, enquanto os professores forem profissionais, têm de se sujeitar à ditadura do cliente.

Edie Falco disse...

Acho essa discussão toda um absurdo, uma aberração, que mostra o país de 3º mundo que temos. Estes professores deveriam ser todos postos no olho da rua, essa cambada de comunistas preguiçosos e sanguessugas dos portugueses não deviam ter direito nem de abrir a boca. Começo a concordar com os alunos que lhes dão pancada, eles fazem por onde. Respeito se conquista. E quem diz os professores diz o funcionalismo público em geral, o atendimento e os serviços em geral, neste país, desde quem serve um café até os funcionários públicos. passando pela imprensa, como se viu pelo golpe que deram em Carrilho. Nunca vi, o sujeito reclamar por ser avaliado, é hediondo e desonesto (essa é para o Sr. JKukoc). Mas esta deformação salazarista, preguiça e corporativismo bacoco tem os dias contados... a Europa exigiu uma mudança de mentalidades, não é difícil perceber que Portugal está sob um ultimato da UE, e que, graças a deus, temos um excelente primeiro ministro, implacável, que vai entrar para história, pondo Cavaco num chinelo.