De repente o meu filho de 12 anos – que de uns meses para cá me tem submetido, nas viagens de carro, ao repertório pop adolescente da Cidade e da Mega FM – baixa o volume e pergunta:
- Pai, nós pagamos para ouvir rádio? E se não pagamos, como é que a rádio sobrevive?
Boa. Aproveito para lhe explicar que na rádio as coisas não são como parecem. Nós, ouvintes, não somos os clientes. Somos o produto, que as rádios entregam aos seus verdadeiros clientes em pacotes de mil, em troca do dinheiro da publicidade. Não sei se o meu filho gostou muito de se descobrir mercadoria, mas ficou esclarecido.
No resto do caminho fui a pensar como, sendo isso tão natural para a TV e para a rádio, como é que ainda desperta estranheza para os jornais diários, por exemplo. Parece-me uma questão de tempo até deixar de acontecer. Os diários vão perdendo leitores... diariamente – enquanto os gratuitos se segmentam, ganham corpo, colunistas famosos, e alguns já até trazem notícias que se lêem.
Hesitei na conclusão quando pensei na net. Seria um modelo diferente? Mas hoje, nem de propósito, acabo de ler no Briefing que o New York Times vai deixar de cobrar por todos os seus acessos online. É o mais novo jornal gratuito do mercado.
1 comentário:
Pois... é lindo.
Eu que não pego comboio e nunca sou alvo de um gratuito, como leio estes colunistas, etc dos gratuitos? Li o comentário do Sr. Dr. e pus-me a pensar que, tirando a Dica da Semana, nunca recebo um gratuito. Se sumirem os jornais pagos, a minha única hipótese será via Net.
A credibilidade migrará para a Net...? Como o comentarista será pago? Terá um blog e venderá anúncios? VPL, por exemplo, se acabarem os jornais... e assim sendo, como captar novos públicos/leitores?
Bom, se calhar era uma forma de nos livramos de uma data de cretinos que escrevem aí pelos jornais.
Edie Falco
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