26.11.07

Estado de catástrofe semiótica

O Metropolitano de Lisboa criou, há uns 6 anos atrás, o Lisboa Viva. Passado algum tempo, a Carris lançou o 7 Colinas.

Os dois cartões são uma e a mesma coisa: um título de transporte que permite aos utilizadores carregarem num cartão sem contacto certo valor em dinheiro que depois gastarão em viagens. Acresce que ambos podem ser usados indiferentemente em qualquer uma das duas redes.

Agora, o Metro anunciou o Zapping. Ora o que é o Zapping? Um outro cartão? Não, uma mera forma de carregar os cartões Lisboa Viva e 7 Colinas nos terminais Multibanco.

Que interesse tem esta proliferação de marcas? Porquê dar dois nomes diferentes à mesma coisa? E porquê criar uma nova marca para designar uma forma de pagar o título de transporte? Irá a CP inventar outra ainda quando o sistema for alargado aos comboios suburbanos?

Uma pessoa chega a Londres e é imediatamente informada de que existe uma coisa chama Oyster - um cartão sem contacto semelhante ao nosso que permite viajar em toda a rede de transportes metropolitanos. Alguns folhetos extremamente bem estruturados explicam com a clareza exigível quanto custa, onde se compra e como se usa.

Será pedir muito que em Lisboa tenhamos algo igual, em vez de uma variedade de fontes de comunicação e de mensagens conflituantes que confundem tanto o utilizador quotidiano como o pobre turista?

As marcas foram inventadas para simplificar a vida às pessoas, não para alimentar o ego dos gestores de marketing.

PS - Morre-se de frio no Metropolitano de Lisboa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Se ainda fosse para alimentar o ego, menos mal. Mas toda a gente sabe que são essas duplicações e excesso de marketing e marcas que justificam os despesismos, o empreguismo, enfim, as situações atávicas que levaram o país à situação que está.

Domingos Pereira disse...

Dado o exemplo de Londres, dou o de Paris, onde é possível circular pela cidade e arredores (pelo menos) com o mesmo cartãozinho "orange" nos autocarros, comboios e metros. O mesmo é comprado na maior parte das papelarias e quiosques.
Hoje vivo no Porto, e para o metro tenho um cartão, para o autocarro outro...
Deviamos fazer mais e melhor benchmarketing e ser menos egoístas (empresas). Afinal que soluções estamos a oferecer aos problemas dos >>cidadãos<< ? E isto serve para a política em geral.