16.11.07

We sell, or else



Há muitos anos que não via isto. Na época, recebi este manifesto com emoção e expectativa. Hoje, olho para ele como um documento de época.

Trabalhar na Ogilvy Direct no final dos anos 80 e princípio dos anos 90 era alistar-se numa guerra travada à sombra desta bandeira. Na Ogilvy & Mather, David Ogilvy, o fundador da agência, estava do nosso lado e contra as alegações pífias da depreciativamente chamada "publicidade geral".

Nessa época, já atingido pela doença de Parkinson e refugiado a maior parte do tempo no seu castelo de Toffou, em França, David Ogilvy tinha o seu escritório na Ogilvy Direct de Paris, dirigida por Denis Bonnet.

Ignorava ou desprezava o advertising e só aceitava participar nas reuniões internacionais da Ogilvy Direct. Para minha eterna tristeza, o primeiro encontro em que eu participei foi o primeiro em que ele, por razões de saúde, não pôde estar presente.

Estranhamente, a previsão de David Ogilvy não se concretizou, apesar de os meios digitais ao nosso dispor, e em particular a Internet, parecerem feitos de propósito para o Marketing Directo, que entretanto optou pela designação mais sexy de Marketing Relacional.

O que falhou?

3 comentários:

pas2 disse...

Estranho, mas até me parece um discurso bastante actual! Infelizmente muitos criativos ainda pensam mais nos prémios e na "criatividade/originalidade" que na eficácia.

Consumering disse...

muitas vezes me questiono o que é que esta a falhar?

O que é que justifica a prosperidade das idiotices anti-económicas do sector. O branding, a responsabilidade social, o sponsoring.

só me ocorre uma teoria, se a publicidade se aproximar da decencia económica perdem-se biliões de dolares e portanto todos estão contra. Um pouco como a dependencia do petróleo.

Até ao dia em que o disparate se tornar demasiado caro para concorrer, por exemplo na moda o disparate foi quase extinto pelo sucesso da zara.

será?

Anónimo disse...

Caro João,

Discordo completamente da sua conclusão.

O maior império de comunicação do planeta, o Google, foi montado por sobre o conceito de publicidade mensurável ao cêntimo. Faça a experiência, adira ao AdWords e comprovará maravilhado tudo o que D. O. diz neste filme. D.O. foi um visionário, a realidade acabou por se aproximar do discurso, e não o contrário. A única coisa discutível, da receita, os textos longos, não é discutível: o que é um site senão venda detalhada e argumentada?

Se me permite discordar mais uma vez (só pode ter sido uma distração), mkt relacional não substitui direct marketing; antes, estará contido em. É um galho da árvore, uma especialização. Como bem sabe, nem todo D.M. pressupõe obrigatoriamente um "relacionamento". Pode reivindicar sim, obrigatoriamente, uma acção. Que nem sempre se traduz num relacionamento.

E sim, D.O. está certo, não vai demorar muito para que as agências de comunicação de massas deitem a toalha. É um negócio em declínio, ao contrário de todo e qualquer tipo de comunicação dirigida e personalizada, o negócio do futuro.

Quem em sã consciência compraria as acções de uma agência de advertising, hoje? Haverá negócio menos rentável?

Ou antes: fará ainda sentido falar para as massas? Até quando? Ainda há massas? Até quando?

Ass:

Evangelizado Pleno de Fé.