6.4.04



Basquiat: Profit I, 1982.

Que tem isto a ver com marketing ou publicidade?

Nada, claro. E tudo.

Os publicitários -- os bons publicitários, é claro -- são seres omnívoros. Alimentam-se de tudo o que vêm e ouvem à sua volta: filmes, Cds, conversas no metro, reality-shows, revistas do coração, jornais desportivos, horóscopos, museus, horários de comboios, performances, peep-shows, prateleiras de supermercados, toques de telemóveis, bibliotecas, videotecas, palavras cruzadas, instruções do Windows XP, Google, coscuvilhices, exposições de fotografia, poetas mortos, profetas vivos, debates políticos, best-sellers, romancistas intragáveis, cartoons, ficção científica, ficção política, contos fantásticos, romances policiais, estelas funerárias, breviários, Bíblia, Corão, Veda, telejornais, debates na rádio entre os ouvintes, ruínas romanas, assembleias gerais do Benfica, instalações, discursos do Papa, palestras do Scolari, crítica literária, concertos rock, boletins paroquiais.

A qualidade mais importante em alguém que trabalhe em marketing ou publicidade é a curiosidade, mãe da compreensão e antecâmara da inteligência, arauto da imaginação e da inovação.

Uma classe publicitária inculta é uma receita segura para o fracasso. Há poucos dias, o João Maria recordou-me com veemência estas verdades e eu jurei a mim próprio que este blogue deveria começar a fomentar activamente o interesse por tudo o que mexe, em particular no mundo das artes.

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