17.5.05

Criancices

Vem no Bartoon do Público de hoje, a propósito da discussão em curso sobre as eventuais restrições à publicidade dirigida às crianças, o seguinte diálogo:

- Há quem defenda a proibição da publicidade de produtos alimentares para crianças.
- Porquê?
- Porque as crianças querem comprar tudo o que vêem nos anúncios.
- Felizmente com os adultos não se passa nada disso…

Embora não alcance propriamente a graça, entendo que a intenção é de denunciar qualquer coisa – não sei se o nosso perverso consumismo, se a acção perversa da publicidade. Mas a ironia não pega, justamente, porque o que «denuncia» é do senso comum. É lógico que às vezes os adultos «querem comprar tudo o que vêem nos anúncios». A diferença em relação às crianças, no entanto, é mesmo esta: crianças e adultos não são a mesma coisa.

Já tenho escrito neste blog contra a compulsão politicamente correcta de proibir a publicidade disto e daquilo. É um impulso paternalista que pressupõe que nós, os consumidores adultos, não temos capacidade de decidir sozinhos as tentações a que queremos ou não ceder. Já quanto às crianças é completamente diferente. Obviamente têm que ser protegidas – e será vergonhoso se os anunciantes (especialmente de alimentos) e a indústria publicitária tiverem que levar com mais uma proibição de fora, por falta de bom senso e capacidade de auto-regulação.

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