O artigo do Rui Branquinho no Briefing de 7 de Fevereiro lembrou-me uma historinha triste que me aconteceu naquele domingo, há umas semanas, em que a chuva nos trouxe de brinde uns flocos de neve.
Não sei se aconteceu com vocês, mas nesse dia fiquei sem internet. Liguei para a Netcabo, que após meia hora de diagnóstico ao telefone agendou uma visita dos técnicos para a 4ª feira seguinte. Era, portanto, para eu ficar três dias desligado do mundo.
Só que algumas horas depois a internet voltou. Voltei a ligar para a Netcabo, após uns 10 minutos a ouvir música consegui desmarcar a visita e não pensei mais no assunto.
Dez dias depois, recebo um SMS comunicando que os técnicos viriam no dia seguinte, às 17. Achei o método muito moderno. Mas, como já nem me lembrava da tal marcação, liguei outra vez para a Netcabo para saber do que se tratava. Disseram que o pedido era meu. Mais uns 20 minutos ao telefone, e consigo desmarcar pela segunta vez a visita.
Acontece que no dia seguinte, pontualmente às 17, quem liga é o técnico da Netcabo, pedindo-me que lhe abrisse o portão. Ou seja, não só agendaram com uma semana de atraso uma visita que já tinha sido cancelada, como, mesmo depois do meu terceiro telefonema, não avisaram o técnico.
E o que é que tudo isso tem a ver com o tal artigo? Acontece que o “marketing de depois de amanhã”, de que fala Rui Branquinho no artigo, nada mais é do que o marketing one-to-one levado a sério. O artigo expõe algumas apreeensões em relação ao que pode acontecer quando os nossos dados, presentes em várias bases de dados hoje dispersas, forem cruzados e “eles” souberem tudo sobre nós.
Ora, por aqui acho que podemos estar tranquilos: ainda estamos no marketing de anteontem. Se o maior grupo português, supostamente especialista em telecomunicações, guarda avançada da tecnologia nacional, não consegue cruzar a base de dados das marcações com os clientes com a da agenda dos técnicos, o que dirá esquadrinhar a nossa vida privada. Por enquanto, ainda acho mais fácil esquiar na Avenida da Liberdade.
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Há 3 anos
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