19.9.06

Os jornais e a publicidade

A publicidade ao lançamento do Sol é tão feia que até dói. Como tendemos a evitar olhá-la, quase passa despercebida a inépcia do seu conteúdo. Mas a verdade é que desta campanha se encontram ausentes toda e qualquer promessa de valor, todo e qualquer posicionamento, toda e qualquer ideia criativa relevante.

Tendo em conta que uma boa parte das receitas dos jornais provêm da publicidade, seria de esperar que eles se empenhassem em valorizar o seu papel e a sua importância, a exemplo do acontece, digamos, no Reino Unido. Desse modo, contribuiriam para educar os anunciantes, elevar o nível da comunicação e prestigiar os jornais.

Se os próprios media não acreditam que a publicidade funciona, quem irá acreditar?

3 comentários:

@JoseAdolfo disse...

Olhe essa materia relacionada:
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos/asp2002200292.htm
Parabens pelo blog!

João Lúcio disse...

No final, os mupis do Sol são simples e directos. Não prometeram grande coisa (como os responsáveis do jornal já disseram, querem que este valha por si e não por promessas ou ofertas) mas lembraram que o jornal vai ser lançado. Para mim, cumprem a missão. 128 mil exemplares vendidos é sinal de que algo funcionou.
Já os mupis do Expresso, apesar de artisticamente mais bem conseguidos, são uma confusão. De carro, depois de ter passado por uns 10, não consegui ler a mensagem ou perceber correctamente o que é retratado na imagem. Percebo que há pessoas a ler o jornal, mas pouco mais. Aquilo não é um mupi... é um anúncio de página inteira bastante esticado.

O Despachante disse...

Até que enfim que leio o tenho andado a pensar: a campanha do Sol é muito má. Do mais banal que já vi, com a agravante de ser uma oportunidade perdida, porque realmente não é todos os dias que se lança um jornal e ainda por cima, um jornal ambicioso.

Despejar adjectivos e colá-los a uma marca, é algo que não se faz em publicidade desde os anos 80 (pelo menos com esta displicência). Não há posicionamento, não há ideia, não há portas para uma comunicação futura. Quando passei pelos mupis a pé ainda me dediquei a ler o texto das capas de jornal para verificar se este ironizava com o pomposo adjectivo, mas não.

"Portugal já esperava um jornal assim." Mais uma vez ambicioso e arrogante, nada que em publicidade não se faça todos os dias, mas uma completa mentira. Ninguém esperva um jornal assim, quase decalcado do Expresso, um pouco mais fresco, mas decalcado.

E uma incongruência: na TV vemos uma maquete reluzente do futuro jornal (simulando o jornal real), nos Mupis vemos uma ilustração (Nuno Saraiva) da capa do jornal. Porquê esta opção? Mais uma vez não se percebe.

Há no entanto uma coerência: a comunicação anos 80 assenta que nem uma luva ao logótipo, também claramente datado desta época, um claro exemplo de identidade criada por arquitectos com jeito para o pincel e que até fazem umas "perninhas" gráficas.

Um ponto positivo: gosto da ideia do logo que muda de cor conforme a estação.

Pronto, já desabafei.