Certos jornalistas provincianos gostam de citar determinada empresa, marca ou projeto português como sendo "caso de estudo" nesta ou naquela universidade de renome, querendo com isso dizer que são recomendados como exemplo de boas práticas a seguir em todo o mundo.
Assim, de repente, lembro-me do papel higiénico preto da Renova e das redes elétricas inteligentes da EDP.
Mas caso de estudo não significa caso exemplar. Entendamo-nos: caso de estudo (ou estudo de caso) é o nome que se dá a uma metodologia de investigação de ampla utilização nas ciências sociais (aliás, uma das mais difíceis e exigentes).
Certos casos de estudo são preparados tendo em vista o seu potencial pedagógico, designadamente em cursos de gestão. A sua utilidade consiste em familiarizar os estudantes com o tipo de problemas e decisões com que os gestores são confrontados na vida real, não em levá-los a admirar estas ou aquelas opções de gestão.
Para que esse intuito fique bem claro, é uso o caso ser acompanhado de uma advertência, de que é exemplo esta usada em Harvard: "This case is intended as a basis for class discussion rather than to illustrate either effective or ineffective handling of a business situation".
Assim, se o INSEAD constrói um caso em torno do papel higiénico preto da Renova, isso não significa de modo algum que recomende a estratégia da empresa portuguesa. Entendidos?