30.4.07

Como irritar um cliente

Não é preciso inventar a roda. Quem de facto quiser deixar um cliente furioso deve simplesmente copiar o call center da TAP - ironicamente chamado "Fale connosco", embora normalmente não haja ninguém do outro lado para entrar na conversa. Se o serviço se chamasse, de forma mais sincera, "Fale sozinho", não teria tanta piada.

A ironia, aliás, é usada com mestria pela TAP para enfurecer o cliente. A ideia é que não basta deixá-lo 20, 30 ou 40 minutos à seca ouvindo muzak clássica ou saxofónica. De dois em dois segundos a música é interrompida com mensagens sarcásticas como "A sua chamada é a nossa prioridade", ou "o seu tempo é precioso". Quando a música é finalmente interrompida a sério, por uma voz que não é uma gravação, o toque de génio consiste em fazer a chamada cair, ou, mais brilhante ainda, pedir uns minutos para chamar "a minha colega que está tratar do seu dossier". E tome música outra vez.

Todo profissional de marketing deveria, pelo menos uma vez na vida, submeter-se a essa verdadeira aula de serviço ao cliente. E é tão fácil: basta deixar que as suas bagagens se extraviem num voo da TAP - o que, na minha experiência dos últimos 2 ou 3 anos, é quase impossível não acontecer.

26.4.07

Por outro lado...



Em psicologia, quando uma afirmação é verdadeira, usualmente a sua negação também o é.

O genial "Just Do It" da Nike deixou a concorrência literalmente paralizada por muito tempo. Vinte anos depois, alguém descobriu por fim que, se o incentivo ao esforço de auto-superação vai direito ao coração de muitos desportistas, o apelo oposto - "Run Easy" - tem um encanto irresistível para imensos outros.

Parece evidente, não é? Por que é que ninguém se lembrou disso antes?

A praga das auto-promoções televisivas

Segundo a MediaMonitor, cerca de 15% do espaço publicitário dos quatro canais generalistas é ocupado pela sua auto-promoção. Três comentários breves sobre o assunto:

1. Trata-se de uma quota gigantesca que, valorizada a preços de mercado, colocaria as estações de televisão à cabeça dos investidores nacionais em publicidade.

2. A qualidade das auto-promoções é, por regra, lamentável, sugerindo, uma vez mais, que, quando o espaço não é escasso, é relativamente menos importante a preocupação com o conteúdo da comunicação, ou, inversamente, que a publicidade criativa permite poupar dinheiro em espaço.

3. A ocupação abusiva que os canais fazem do espaço publicitário, ainda por cima apropriando-se dos inícios e finais dos blocos, contribui duplamente para prejudicar os anunciantes: primeiro, ao aumentar a saturação publicitária; segundo, devido à sua má qualidade, ao estimular o zapping. Isto revela uma grande falta de respeito pelos anunciantes que os sustentam.

24.4.07

Criatividade, só

Criatividade pura é isto que vemos em acção nesta campanha para o Lux desenvolvida na Argentina. Não há cá estratégias, nem raciocínios elaborados, nem insights, nem intelectualices de nenhum género.

Há apenas uma rapariga a quem o dia corre mal e que recupera o ânimo com um belo duche, a mais banal das historietas servida por uma execução invulgar.

E não está nada mal, não senhor. É gozar, invejar, calar - e mais nada.

19.4.07

Este é o José Sócrates que não concluiu os estudos?


Por uma vez, o nosso Alegre deputado e poeta tem razão. A campanha pelas "novas oportunidades" é arrogante, preconceituosa e denota bastante falta de tacto, ao desqualificar o próprio target que pretende atingir. E cai particularmente mal numa altura em que tanto se discute a importância de ter ou não um bom diploma. Pelos vistos, não é algo que impeça ninguém de se tornar uma celebridade nacional - mesmo que não jogue futebol, não seja estilista nem trabalhe na televisão.

13.4.07

Relações públicas, segundo LFV

"Há dias escrevi que o relações públicas das pombas, bichos lamentáveis que, no entanto, têm uma imagem invejável, devia ser extraordinário. Recebi vários protestos, não das pombas, mas de relações públicas. A ideia era citar as pombas como o que, em publicidade, se chama um 'case', um caso de sucesso na construção de imagens, portanto, admirável. Entenderam que eu estava atribuindo aos RPs os defeitos das pombas. Era uma fantasia hipotética, gente. As pombas não têm RP, e duvido que algum RP aceitasse a conta das pombas.

A intenção não era ofender ninguém além das pombas. Relações públicas é uma profissão séria e cada vez mais necessária. Acho que eu mesmo estou precisando de um."

Luís Fernando Veríssimo, nO Globo de ontem.

4.4.07

O Mundo Pós-Publicitário: Notícias da linha da frente

A não perder: Chaos 2.0, a apresentação de Bob Garfield na reunião da ANA, reproduzida na Advertising Age de 26 de Março último. Uma visão condensada em video para cinéfilos pode ser vista aqui.

2.4.07

Advertising 2.0



Advertising 2.0 on Vimeo

Eis mais uma magnífica introdução às potencialidades da publicidade na web, da autoria de Armando Alves. Os nossos agradecimentos ao autor por nos ter chamado a atenção para o video.