Temos que admitir, porém, que um banco genuino é um conceito um bocado estranho. Os bancos lidam essencialmente com dinheiro, que é uma coisa muito pouco genuina. Na verdade, é a coisa menos genuina e mais artificial que existe.
O dinheiro é um símbolo de símbolos, um simulacro de simulacros. O dinheiro é a suprema fantasia, mas a relação dos clientes com os seus bancos não tem nada de fantasista.
O dinheiro é pecado, algo que toda gente quer mas que parece sempre mal querer. O dinheiro é o anti-Cristo por excelência, é o Deus negativo, é o demónio.
Temos todos uma relação de amor-ódio com o dinheiro. O dinheiro só traz infelicidade. Quando não o temos, maldizemos o dinheiro e o seu poder. Quando o temos, permanece o sentimento de culpa que é inerente ao dinheiro.
Parece mal dizer-se que se faz qualquer coisa por dinheiro, apesar de ser óbvio que essa motivação se encontra quase sempre presente. A pior coisa que pode existir é um casamento por dinheiro, ou desistir do amor a troco de dinheiro.
O dinheiro persegue-nos durante toda a nossa vida, para o bem e para o mal. É uma obsessão que não nos larga um só dia. A maior parte da coisas que não se tem ou não se faz é porque não há dinheiro.
O dinheiro é a maior potência negativa do mundo. É uma energia negativa que ninguém verdadeiramente controla. O dinheiro é o grande Satã.
Há pessoas que têm dinheiro e que, por isso, controlam o seu poder? Não: é o dinheiro que as possui e as controla a elas, porque quanto mais se tem mais se cai sob o seu poder. O dinheiro enfeitiça as pessoas. Na verdade, só tem muito dinheiro quem se submete a ele.
Ganhar dinheiro é o prémio de vender a alma, de abandonar tudo, de desistir de tudo, de renunciar a tudo em troco dele. O dinheiro não se dá a quem desejar mais outra coisa do que a ele. É ciumento e possessivo.
Todas estas conotações do dinheiro são transferidas para as instituções que o representam: os bancos.
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Há 3 anos
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