15.11.05

Produto ou comunicação?

Uma pequena notícia na secção de Media do Público de ontem dá conta do aumento de tiragem registado por diversos jornais britânicos após terem mudado para formatos mais pequenos.

Aparentemente, podemos concluir que os leitores preferem os novos formatos aos anteriores.

Mas será mesmo? Para o sabermos sem margem para dúvidas, seria preciso que, simultaneamente, outros jornais mantivessem ou aumentassem os seus formatos.

Ora o caso é que, precisamente, o Sun, que conservou o formato tablóide que já usava, perdeu 1,6% da sua tiragem.

Ficamos então na dúvida. Será que o Times, o Guardian e o Independent passaram a vender mais porque abandonaram o broadsheet? Ou terão antes, como tantas vezes sucede, beneficiado do facto de terem atraído as atenções do público pelo facto de terem feito qualquer coisa - qualquer coisa de novo, entenda-se? A ser assim, conseguiriam o mesmo resultado aumentando o formato em vez de o diminuír.

Por outras palavras, o que é que funcionou? Foi a mudança do produto, ou foi o efeito porventura involuntário de comunicação que daí resultou?

3 comentários:

Consumering disse...

Eu voto na mudança de formato porque o Broadsheet é uma bizarria desactualizada... não dá jeito nenhum e limita as circunstâncias de consumo. Por isso, no caso, o formato deve ter mesmo ajudado.
Já o ponto mais filosófico se vale a pena fazer qq coisa nem que seja só para chamar a atenção. Eu voto que as chances de sucesso são demasiado baixas para justificar o investimento. Mais vale introduzir uma alteração que fortaleça a proposta de valor (o Motivo de Compra) do produto, mas indo por ai estaria a repetir-me mais uma vez.

magnuspetrus disse...

Será possível ler-se o Expresso no metro ou sentado na sanita?

S. disse...

O Expresso é um semanário que se lê ao fim de semana. Porque conta com mais tempo e a disponibilidade dos leitores, permite-se o formato e a quantidade de cadernos.
Já os diários benficiam sempre de um formato mais reduzido. Os broadsheets costumavam ser paginados de forma a possibilitar a leitura quando dobrados em quatro. Claro que era preciso uma ginástica muito grande para conseguir ler um JN ou um DN, em pé, no autocarro ou no metro.
Os tablóides são uma imposição na vida moderna. Curiosamente, os "tablóides" na denegrida acepção da palavra, já tinham descoberto há muito que, para uma leitura /utilização fácil e simplificada do jornal, o formato menor era o mais reader-friendly. Os jornais "Grandes" só não mudaram mais cedo devido ao preconceito contra o tablóide.