13.1.08

A propaganda não morrerá jamais



Não há nada como um desmentido sonante para confirmar que alguma coisa está mesmo a acontecer.

Por exemplo, a suspeita de que a publicidade, tal como a conhecemos nas últimas décadas, está a contar os seus dias recebeu uma enfática confirmação neste anúncio publicado há algumas semanas pela Almap BBDO.

No texto, a agência parte da tese – afinal nem muito polémica – de que “a propaganda, tenha ela o formato que tiver, sempre existirá”, como mote para desfiar os seus feitos recentes.

Depois de admitir que " a propaganda está mudando", a agência sentencia que “cabe a nós, bons publicitários, acompanhar estas mudanças e continuar ... seduzindo o consumidor com inteligência e originalidade”. O que ninguém contesta.

O que é no mínimo sintomático, no entanto, é o simples facto de uma agência tão importante sentir a necessidade de desmentir que a sua actividade esteja em vias em extinção. Muito provavelmente, é porque esse velho modelo imortal está realmente a desmoronar.

3 comentários:

Sibila Publicações disse...

Tal como a conhecemos, está a morrer a passos largos, seguros e contínuos.
Só um cego não percebe que caminhamos claramente para uma situação em que as pessoas só verão a publicidade que querem ver (a tal ponto que se calhar ainda pagarão para vê-la).
Há sinais. Para ficarmos só num exemplo, a saturação da publicidade exterior já levou a que uma capital do terceiro mundo, por acaso a meca do capitalismo da América do Sul simplesmente a proibisse, com uma lei mais ou menos tão polémica como a nossa lei da proibição do cigarro (são leis que toda a gente está ávida por aderir).
Não cabe aos publicitários estarem a imaginar como contornar a realidade dos factos e a magicar como vão contorná-los. Cabe antes aos profissionais de comunicação comercial se anteciparem e apresentarem aos seus clientes soluções eficazes.

Sibila Publicações disse...

Eu me pergunto se hoje, a bem de todos, o que interessaria não seria a concentração de canais de comunicação e não a dispersão que hoje se vê.
A impossibilidade da quantificação matará um determinado meio. Pq investir um cêntimo num meio ao qual não é possível aferir a sua eficácia?
Voltamos a D. O., num mundo ideal, a comunicação será toda pensada e executada em termos de Marketing Directo.
Já faltou mais.

hidden persuader disse...

Ou como diria Lord Keynes, a "longo prazo estaremos todos mortos", incluindo quem faz e quem consome publicidade.