Uma família acumula honradamente uma fortuna durante um século fabricando sabões, mas, ainda assim, ninguém a conhece.
Quando o negócio se esgota, passa a patacos os terrenos e edifícios remanescentes e vai em busca de novas oportunidades de investimento.
Decide comprar a TVI e, de um dia para o outro, os jornais contam-nos tudo sobre as origens da fortuna, como ela se fez e se desfez, como o grupo económico se reestruturou, quais os seus projectos futuros e, acima de tudo, quem são as pessoas, com quem se casaram, onde estudaram, onde passam as férias, quais os seus hóbis e que ideias têm para salvar o país.
Findo o longo anonimato, o rosto do principal protagonista dos negócios da família é hoje presença quotidiana nos media.
Ao contrário do que o grande público supõe, os media não são hoje, em geral, um grande negócio. Há muita gente a perder fortunas nas televisões e nos jornais e quase ninguém a amealhar uns cobres.
Como se explica, então, a atracção que o sector exerce sobre tantos investidores? Muito simples: não dá dinheiro, mas dá visibilidade e poder - e, com eles, calhando, a possibilidade de aceder a outros negócios que, esses sim, poderão vir a revelar-se altamente rentáveis.