17.6.07

Ir à frente



Toda a gente tem opinião sobre o logo dos JO de Londres 2012? A novidade não é essa. A novidade é que muita gente tem hoje meios para fazer ouvir a sua opinião.

O problema, então, é que cresce exponencialmente a tradicional dificuldade de fazer aprovar um logo por um grupo de pessoas cuja competência é insuficiente para tomar uma tal decisão.

Tenho constatado que, por regra, as pessoas esperam a um tempo de mais e de menos de um logótipo.

Um logo não é uma marca, é um sinal que vai servir de âncora para os múltiplos significados que a futura marca pretende agregar a si.

Assim, é espúrio exigir-se que o logo exprima directamente muita coisa.

Por exemplo, sendo Londres uma cidade tão conhecida, não é necessário que o logo "tenha algo de inglês ou de londrino". Do ponto de vista informativo, basta que mencione Londres e que inclua as cinco argolas olímpicas.

Se o logo é apenas um símbolo gráfico de escassa carga informativa, então o que se lhe exige é que seja compatível (ou,se preferirem, que não seja incompatível...) com os significantes e os significados que projectamos agregar-lhe.

Em seguida, é preciso pensar que, ao contrário do que agora sucede, o público quase sempre verá o logo em aplicações concretas, sejam eles publicidade, equipamentos desportivos, sinalética, mobiliário, bandeiras, etc. É indispensável que funcione bem nesses variadíssimos contextos.

Finalmente, e talvez fosse esse o problema mais difícil para quem se meteu a criar o logo dos JO de 2012, ele deverá ter um look contemporâneo daqui a cinco anos, o que é muito tempo em design.

Ora a única forma de conceber em 2007 algo que permaneça contemporâneo em 2012 é criar algo que, estando muito à frente, tenha a ambição de ser trend-setter. É isso que o grande público não compreende, e conjecturo que é disso que ele não gosta neste logo.

3 comentários:

Anónimo disse...

Fogo... se esse logo for trend-setter, vou ali e já venho...

Edie Falco
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Acredite que só agora, ao ler esse post é que eu percebi que ali está escrito 2012

Barracada da Wolf Ollins

Anónimo disse...

Como é que um logo que chegou a todo o lado - sejam jornais, revistas, TV e, sobretudo, blogs - ,em poucos dias, pode ser uma barracada?

Não sei se concordo totalmente com o texto do João Pinto e Castro, mas o essencial está lá. Um logo não faz uma marca e é o uso desta que vai fazer com que o logo tenha, ou não, sucesso. Ou já ninguém se lembra do arranque do logo da PT?

João Lúcio

Anónimo disse...

Ora, chegou a todo lado por ser o logo de um evento universal... o objectivo não era com certeza ter a multiplicação da sua exposição pelo facto de que toda a gente odeia o logo... se fosse assim... outras imagens seriam utilizadas. É claro que é uma barracada, deu pro torto, ninguém gosta.

mas se eu bem conheço os ingleses, toda a gente vai ter que se acostumar. dificilmente vão admitir que deram barraca.

Em tempo: esse logo parece Londres a explodir. Terá sido um acto falhado?

Edie Falco