O nosso adorável mundo está dividido em dois tipos de pessoas. As que emitem sinais. E as que não têm mais remédio do que tentar interpretá-los.
Emitir sinais passou a ser a forma de comunicação favorita de toda a gente com acesso a uma câmara ou um microfone, desde o recém-empossado primeiro ministro (com as farmácias e as férias dos juízes e o resto) ao ainda mais recém-empossado papa Bento – cujo primeiro sinal ao mundo foi precisamente a adopção desse nome.
Não podia ser mais certeiro. Como já houve 15 Bentos antes deste, cada um com a sua complexa biografia, da escolha dava para deduzir praticamente qualquer coisa. Foi o que fizeram os comentadores, que da palavrinha de cinco letras extraíram análises tão exaustivas e concludentes que quase dispensam o ex-cardeal Ratzinger de dar qualquer passo a seguir. A avaliação do seu pontificado já está feita.
Esta polissemia dos sinais é uma vantagem cada vez mais apreciada. O Vaticano, que nisso sempre foi a referência, aperfeiçoou ainda mais a técnica desta vez, lançando um fuminho cuja cor ninguém sabia ao certo. Um prato feito para os analistas.
Ontem, num oportunismo muito esperto, o tablóide Sun também decidiu anunciar o seu apoio ao Partido Trabalhista lançando fumo vermelho da chaminé. O problema é que logo se via que era vermelho. Mau. Neste marketing dos sinais, os ingleses ainda têm muito a aprender com a cúria romana.
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Há 4 anos
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