Dando aí uma volta pelos blogues, a gente apercebe-se de que o Expresso não é um semanário muito apreciado. Esse facto é relevante, porque:
1. Os bloggers são consumidores intensivos de jornais e revistas
2. Os bloggers dispõem de uma razoável capacidade de influenciar a opinião
3. Os bloggers reflectem a opinião de largos círculos de leitores
Logo, a antipatia dos bloggers pelo semanário de Pinto Balsemão reflecte, com grande probabilidade, uma atitude muito difundida na opinião pública cultivada, que é aquela que se interessa pela imprensa escrita.
A realidade é que, de há uns anos a esta parte, o Expresso tem vindo a diminuir de qualidade, o que inevitavelmente se traduziu numa perda de leitores. Na minha opinião, degradou-se tanto que é hoje humilhante a comparação entre o Expresso e os principais jornais de referência de outros países europeus.
Podemos considerar que cada país tem os jornais que merece. Ou podemos acreditar que os jornais podem desempenhar um papel decisivo para ajudar a tornar os países um bocadinho mais evoluídos.
A meu ver, todos temos interesse em que a imprensa escrita cumpra cabalmente o seu papel civilizador. Por isso, todos temos interesse em que o Expresso seja melhor.
Aparentemente, os proprietários do Expresso estão convencidos de que o seu anterior Director era um obstáculo à melhoria do produto. Seria de esperar que, concretizada a mudança de Direcção, se assistisse a um esforço sério para adaptar o jornal aos desejos dos leitores.
Em vez disso, temos assistido a mudanças pouco mais do que cosméticas e a manobras promocionais cuja estridência denuncia algum desespero. Ora, do que o Expresso antes de mais necessita é de se convencer que tem que dar ouvidos aos consumidores de jornais. Ou seja, necessita de fazer pesquisa de mercado a sério e de se preparar para repensar o seu posicionamento e para reformular em profundidade o produto que todas as semanas coloca nas bancas.
Em síntese, precisa de fazer marketing a sério.
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Há 4 anos
2 comentários:
Não é só a qualidade que tem vindo a diminuir. Também a quantidade está cada vez mais reduzida. O último caderno principal do Expresso tem 30 páginas (o que, por si só, é ridículo), onde quase todas têm apenas 1/4 de página de texto, sendo 1/4 ocupado por grafismos e imagens e 2/4 ocupados por publicidade. Faz-me lembrar o Dica da Semana.
E em relação à edição da semana anterior, conseguiram perder duas páginas. Isto na semana de lançamento do Sol, é obra!
Se me permite, tentarei aqui resumir o que penso desse episódio Expresso/Sol:
1- A resposta do Expresso foi desmesurada. "Não havia necessidade"... Não foi de líder. Foi uma atitude que deixou patente o medo da concorrência, o que até ajudou a desviar a atenção para a parte desafiante.
2- O projecto gráfico do Expresso é muito bom. Tornou-se um belo jornal. Até que enfim.
3- Infelizmente para a nossa imprensa, o Sol, em termos de cumprimento de expectativas, deixa a desejar.
4- O advento do Sol proporcionou um espectáculo dantesco em termos de marketing, tanto do lado do Expresso como do Sol. Nunca, em tão pouco tempo e num mercado tão pequeno, foram cometidos tentos erros de marketing, com comunicações tão pobres e pejadas de erros de raciocínio e qualidade criativa, que o Dr. João tão bem já apontou neste blog.
5- O Sol só ajudará a enfraquecer o Expresso (talvez o único objectivo secreto de Saraiva), o que por outro lado não lhe augura qualquer futuro. Para quando um semanário da Prisa?
6- De salientar uma surpresa: O Sol excessivamente ás direitas, quando tudo fazia crer que vinha de "socrático" . Isso pode denotar alguma falta de independência em relação aos investidores. Nunca saberemos quem é realmente Saraiva. O seu Expresso era iminentemente laranja ("Temos homem!" dizia da ascenção de Durão), e agora, o Sol é de todo queque e CDS-PP. Volto a perguntar, para quando um semanário da Prisa?
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