«Por si, até onde for preciso»? Que exagero! Também não pedimos tanto.
Habituados como estamos à pouca atenção que os bancos nos prestam, bastar-nos-ia que melhorassem um bocadinho a qualidade do atendimento telefónico, que criassem sites fáceis de utilizar, que explicassem melhor que serviços financeiros têm para nós, que descomplicassem a apresentação das taxas ou que apresentassem os fundos de investimento numa linguagem acessível a quem não tirou um MBA. E, sobretudo, que se empenhassem menos em verder-nos faqueiros de prata, porque não é isso que procuramos num banco.
Muito francamente, a minha opinião como cliente de serviços financeiros é que os bancos estiveram nos últimos anos muito mais ocupados com coisas como a compra de outros bancos, fusões e aquisições, economias de escala, internacionalização das operações, cotação das sua acções em bolsas estrangeiras, e por aí fora, do que com os seus clientes.
Eu até sou um cliente compreensivo: entendo que tudo isso é preciso para assegurar a saúde financeira dos bancos portugueses. Mas, muito francamente, parece-me que se foi demasiado longe. E até receio que alguma degradação do serviço prestado, a meu ver generalizada, se deva à redução da competição entre bancos no território nacional em consequência do processo de concentração a que assistimos.
A minha sensação é que mesmo os bancos que se haviam revelado mais inovadores ao longo dos anos 90 voltaram a fechar-se na sua concha. Os gerentes de conta não só mudam constantemente como nunca estão disponíveis para nada, de modo que não vale sequer a pena tentar saber como se chamam. As filas crescem naqueles mesmos bancos que se gabam da rapidez do seu serviço. O dinheiro pode estar parado na conta à ordem, que nem assim alguém sugere alguma aplicação sensata e bem remunerada para ele. Quando queremos dar uma ordem pelo telefone mandam-nos ir à internet. Os call-centers só passam música de elevador e pedem para aguardarmos mais um quarto de hora. Não percebo nada dos folhetos que leio. Apesar de todos os investimentos em CRM, a atenção ao cliente é cada vez menor. Não tarda muito, voltaremos a entrar nos bancos de chapéu na mão, a falar baixinho para não incomodar e a pedir o favor de nos atenderem, como nos tempos da banca nacionalizada.
Há excepções, eu sei, mas são muito poucochinhas.
Que tal porem de parte slogans gratuitos em que ninguém acredita e tentarem mesmo, pela primeira vez desde há algum tempo, fazer algo para nos agradar?
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Há 3 anos
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