FUTUROLOGIA. Numa entrevista à Veja, Alvin Toffler prevê que a bigbrotherização do mundo será ainda mais imparável nos próximos anos. A culpada: a câmara digital. Não só governos, mas principalmente as grandes corporações estarão todo o tempo a espreitar-nos. Verão como escolhemos um produto no supermercado, ouvirão as nossas conversas com o empregado de mesa ou com os nossos amigos, tudo para conhecer até ao detalhe os nossos hábitos de consumo. Depois, essas informações serão vendidas a outras empresas, que assim nos conseguirão vender seja o que for.
Quem sou eu para dizer que não será assim. Mas aquilo que até agora se vê não mostra as tais grandes corporações com muito apetite para esse papel de Grande Irmão.
O problema não está nas câmaras digitais. Captar imagens de toda a gente em toda a parte não deve ser de facto muito difícil. A questão é o que fazer depois com tanta informação. Até agora, a passagem de um marketing "de massas" para um marketing mais personalizado tem sido tímida, sujeita a recuos e hesitações. E aqui "personalizado" diz respeito a grandes grupos de consumidores com certas características comuns. Analisar informação realmente individual, recolhida de forma não padronizada, é algo infinitamente mais complexo. Supondo que venha a ser possível, transformar todos esses dados em conhecimento útil para acções concretas de marketing é ainda mais complicado.
Sabe-se lá. Quem seria capaz de prever, há 30 anos, que todos nós teríamos um computador pessoal? Alvin Toffler foi. Mas quando o meu banco continua a me interromper o jantar para vender produtos que acabei de subscrever, ou quando a seguradora me manda 2 newsletters iguais , só porque tenho duas apólices em meu nome, só posso pensar que estamos muito, muito longe desse radicalíssimo marketing one-to-one.
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Há 4 anos
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